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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Memórias

Eu ainda me lembrava
do seu gosto,
mas um dia tomei água
em um copo velho de plástico
daqueles
decorados
pelo tempo
com uns arranhados brancos.
Olhei bem
para aquelas marcas
no fundo
e senti todos os erros

[na garganta]

passava
aquela água turva
contrariando
a lição que decorei na escola
ela tinha cheiro
sabor
a cor vermelha do copo
contaminado
pela febre
do presente.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Disfarces

O papel onde escrevo este poema
está manchado
de gordura da borda da mesa,
são pequenas bolinhas
que o deixam transparente
e denunciam o pão
das tardes passadas .
Faço uma mancha de lápis
para disfarçar a manteiga
que escorreu rápida
antes dos meus dedos ágeis
passarem pela minha boca
ou pela sua
que sabe sempre
que não conseguirei esconder
todas as marcas.