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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

é impossível ser feliz sozinho
é impossível ser feliz
é impossível ser
é impossível
é

sábado, 3 de agosto de 2019

Toda noite
conecto os fones de ouvido
já faz um ano
que estou na primeira semana
da meditação
meus pensamentos
nunca se ordenam
me aquieto no caos
deve ser por isso
que minhas somas
são todas incertas
- em um curto -
espaço de tempo
eu já inventei
mais de sete
histórias com você,
mas não se preocupe
em fazer as contas
[amanhã será outro]
dia.
O poema
esta sacola de lixo na calçada
rasgada por um cachorro
mostrando o que não devia.

tenho a estrada.

domingo, 9 de junho de 2019

Mudou-se para uma rua muito estreita,
pois onde mal passava um carro
não poderia caber tantas lembranças.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Alguns olhares
me desconcertam
assim como estes velhos espelhos 
manchados
que mostram a minha imagem
cruzada
com marcas de tempo alheias.

domingo, 2 de junho de 2019

Quantas línguas desapareceram
para a construção destas falas
que forjam o nosso destino?

terça-feira, 28 de maio de 2019

É preciso 
que eu me lembre 
todo dia 
do amor, 
mas preciso 
que você 
se lembre 
se atente
me tente 
me lembre também.
em certo lugar
nas construções
da nossa língua
o sol esquenta
e esfria

sábado, 25 de maio de 2019

Todas as vozes
não ditas
malditas
beneditas
apavoram os muros
sedentos de escrita.
as primeiras palavras
que fingi ler
estavam estampadas
em uma caixa de fósforos
Fiat Lux
repetia,
mas eu já sabia bem antes
o que estava escrito ali
meus olhos e dedos
encenavam
o ato de leitura
ainda sem saber nada sobre as chamas.


quarta-feira, 22 de maio de 2019

Como marcar um corpo?
pela ação de outro corpo,
pés descalços,
mordaças,
cicatrizes,
tatuagens,
...

palavras?

segunda-feira, 20 de maio de 2019

domingo, 19 de maio de 2019

Derrepentemente
esta palavra-poema
composta
nestas esquinas
já certas
sobre a revolução.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Depois de certo tempo
podemos ignorar quase tudo
para continuar,
pois afinal
o cotidiano
sustenta
inclusive
o amor

- palafitas -

casas sobre o luar.

A floresta
amazônica
continua insistindo
e em nosso
curioso delírio
sempre permanecerá
mesmo quando
arrancarmos
tudo
do lugar

pois até mesmo este amor
o ordinário sustenta
todo dia
madeira
entre as águas

- palafitas -

é só não pensar.

sábado, 27 de abril de 2019

São tantos passos
em tantas trilhas
e o sol cobrando o preço
do céu
do cerrado.
são tantos passos
em ritmo lento
seu corpo salgado
leve medita:
a dimensão da pedra
medida
no abraço.
ao chegar na cachoeira
a água tem gosto de grito
e seu corpo estremece
com a correnteza
que espuma
no choque com a vida.
As orações se desfizeram
perderam-se entre as próprias palavras
não adiantou anotar tudo em livros,
pois eles foram queimados
perdidos
rasgados
alguns até mesmo engolidos
para a palavra
entrar em contato direto
com a língua,
de gosto duvidoso
sabor de estranhas traduções
e cheiro de rosas velhas amassadas
na memória
somente palavras soltas
gamela
piolho
tacho
pequi
pimenta
as preces sussurradas
pareciam todas estrangeiras

haverá alguma oração com a palavra pitomba?

Para acalentar
melhor a rendição
parar um momento
e escutar
as canções proibidas dos terreiros.
Aquele era um livro perigoso
como uma gaveta velha
que nunca queremos abrir
porque sabemos
que ao fazer uma leve força
no puxador

           tudo

                 vai

                       desabar.

Você já enxergou
todo o emaranhado de fios
atrapalhando a visão do céu?
são metros e metros
e nós
com todas estas palavras
escondendo algo
e mostrando mais
já pensou
quanta eletricidade
é necessária
para viver
nestas cidades imaginadas?

Em nosso país geralmente
quando olhamos para um desconhecido
e as miradas se encontram
desviamos o olhar
como quem salta
para um novo abismo
um outro
eu outro
vagando
sem parar.
Já estive em países
que quando este encontro acontece
o olhar é mantido
e a sensação
é a de criarmos juntos
um precipício.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Origem

Talvez
eu goste muito de Minas
talvez não
meus pais saíram de lá por algum motivo
e chegaram ao interior de São Paulo
e eu nunca saberei ao certo
por mais que pergunte
por mais que a morte já me cale
é verdade o que ouvi?
pergunto para o meu pai
que diz
não é bem assim
e eu não sei relativizar

pai eu não sei...

sábado, 23 de fevereiro de 2019

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Um trabalhador parou no meio do caminho e com um sorriso falou para o colega enquanto carregavam para fora do prédio sacos e sacos de entulho: “Estamos parecendo formiguinhas”. E encheu de poesia aquela tarde nublada. 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

A minha mão esquerda
escreve estes poemas
no caderno
ainda com lápis
ou caneta
e alguma vontade
na direita
uma marca
de ferida de lápis
da infância
caminha comigo
uma interrupção
na linha do destino
para me lembrar
- da mudança-
sempre possível.