É preciso
que eu me lembre
todo dia
do amor,
mas preciso
que você
se lembre
se atente
me tente
me lembre também.
em certo lugar
nas construções
da nossa língua
o sol esquenta
e esfria
Todas as vozes
não ditas
malditas
beneditas
apavoram os muros
sedentos de escrita.
as primeiras palavras
que fingi ler
estavam estampadas
em uma caixa de fósforos
Fiat Lux
repetia,
mas eu já sabia bem antes
o que estava escrito ali
meus olhos e dedos
encenavam
o ato de leitura
ainda sem saber nada sobre as chamas.
Como marcar um corpo?
pela ação de outro corpo,
pés descalços,
mordaças,
cicatrizes,
tatuagens,
...
palavras?
Meu corpo
e tantas palavras
fazem
e limitam
a poesia.
Derrepentemente
esta palavra-poema
composta
nestas esquinas
já certas
sobre a revolução.
Depois de certo tempo
podemos ignorar quase tudo
para continuar,
pois afinal
o cotidiano
sustenta
inclusive
o amor
- palafitas -
casas sobre o luar.
A floresta
amazônica
continua insistindo
e em nosso
curioso delírio
sempre permanecerá
mesmo quando
arrancarmos
tudo
do lugar
pois até mesmo este amor
o ordinário sustenta
todo dia
madeira
entre as águas
- palafitas -
é só não pensar.